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Perdendo o lado direito do cérebro.


Uma primeira pergunta.

Em qual momento de nossos dias conseguimos perceber a solução para aquilo que tentamos descobrir? Seria quando estamos “cegos” em ações lógicas e práticas ou quando deixamos nosso cérebro mergulhar em oceanos mais profundos e sem roteiro?

Estamos perdendo a capacidade de perceber aquilo que não é dito ou escrito.

Estamos perdendo a capacidade de sentir o que percebemos ao nosso redor.

Estamos apenas reagindo ao que está à nossa volta, mergulhados em compromissos e deveres.

Estamos nos entregando à tecnologia.

Estamos nos conectando às coisas erradas.

Estamos perdendo a sabedoria das pessoas mais velhas em troca de conhecimentos de “última versão”.

Estamos esquecendo de notar as centenas de informações que o rosto de uma pessoa pode nos dizer ao conversarmos.


Estamos atrofiando nosso lado direito do cérebro por, cada vez mais, não o utilizarmos. Deixando de exercitar a parte que controla as sensações e emoções para sermos racionais e práticos.

Bom. Se a parte do cérebro destinada a perceber e interagir com tudo aquilo que não é óbvio e lógico está entrando em desuso, quantas informações estamos deixando de absorver em nosso dia-a-dia?

Se cada vez menos somos capazes de ouvir ao outro sem a preocupação de que seja uma conversa rápida ou o quê nos espera nas redes sociais do telefone, como podemos ser capazes de escutar o que nós mesmos temos a dizer?

Faça um teste. Tente ficar uma hora sem televisão, sem celular, sem um livro, sem música, sem ninguém por perto...nada. Como se estivesse sentado em uma praia deserta olhando o mar ou mergulhado em uma piscina profunda com um tubo de oxigênio e um cinto de peso para permitir ficar sentado no fundo. Quando conseguires uma condição semelhante, comece a prestar atenção em tudo que a sua mente começará a lhe trazer. Serão lembranças das mais diversas, tarefas a cumprir, problemas a resolver, assuntos pendentes e desejos constantemente postos de lado. Tudo aquilo que tentamos, ou não conseguimos, lidar e colocamos coisas e mais coisas em nosso dia-a-dia para impedirmos de lembrar ou agirmos.


Esportes solitários nos possibilitam isso. Atividades de meditação e autoconhecimento nos possibilitam isso. A prática das artes nos possibilitam isso. A música nos possibilita isso. Assim como tantas outras coisas. Mas estamos correndo para uma evolução tecnológica que nos afasta, cada vez mais, disso.

Estamos vivendo um mundo tecnológico que cria por nós, que pensa por nós, que imagina por nós...que nos entrega reflexões prontas sobre qualquer assunto e em sua grande maioria não são mais contestadas ou refletidas. Apenas tidas como verdades.

Estamos perdendo a capacidade que um pescador tem em ler os movimentos das nuvens, a direção e o cheiro do vento, a movimentação das correntes e das ondas para saber onde estão os peixes e se tempestades estão por vir. Ou então as habilidades de homem do campo ao perceber na movimentação dos animais e de todo o seu contexto para saber o que virá ao longo do dia e da semana.

Não podemos esquecer a nossa inteligência emocional, pois é ela que percebe os novos caminhos. Ela é nosso lado inovador, pois é quem comanda a intuição, as sensações e a busca pelo que não é lógico ou conhecido.

Acredito que antes de virarmos nosso barco para o lado do oceano onde ninguém está navegando, nós precisamos respirar bem fundo e mergulhar o máximo que pudermos e ficarmos por lá um tempo, ouvindo, olhando, sentindo e conhecendo. Depois ele é seu.

Maurício Aurvalle.

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